segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Grito por nosso Planeta

9ª ROMARIA DA TERRA E DAS ÁGUAS
Desde 1986 que as Dioceses do Estado de Rondônia celebram a Romaria da Terra e das Águas. Neste domingo, no Distrito do Iata, município de Guajará-Mirim se realizou a 9ª Romaria da Terra e das Águas de todo Estado de Rondônia, com a participação macissa da população, que com faixas, cartazes, cantos e, mesmo sem o "trio elétrico" que apresentou defeito, com muita animação, cantando e rezando os romeiros percorreram mais de 3 quilômetros à pé. Este ano contamos também com a participação de Humaitá, Lábrea, Rio Branco e Cruzeiro do Sul, respectivamente, Dioceses do sul da Amazônia e do Acre. Então, podemos dizer, temos uma Romaria da Terra e das Águas do Regional Noroeste da CNBB.


Dom Geraldo Verdier e  Pastor Alan Shulg no caminho

Mais de 25 ônibus trouxeram os romeiros

 Romeiros caminham cantando e rezando

Em sua fala, Dom Geraldo ressalta que a Romaria da Terra e das Águas foi promovida em comunhão e colaboração com Sínodo Luterano da Amazônia (IECLB), representantes leigos e de pastores da Igreja Presbiteriana, e Igreja do Evangelho Quadrangular. E com certeza membros de outras Igrejas Evangélicas. E ainda, movimentos, sindicatos, associações, cooperativas e demais pessoas de boa vontade de diversas religiões e cultos e posturas religiosas.
Toda Romaria é uma caminhada que simboliza o caminho da vida”. É verdade que na vida podemos escolher andar sozinhos, sermos caminhantes solitários, cada um por si. Sim. Podemos entregar-nos num “salve-se quem puder”. Mas isso seria trair demais a essência do ser humano. Somos solidários por natureza. Aliás, quem conhece Jesus Cristo, sabe que nossa essência, que nossa natureza está enraizada na Santíssima Trindade. Enraizados, feitos imagem e semelhança dum Deus que é comunhão de amor, “sabemos que é para nós caminharmos juntos, enfrentando as dificuldades do caminho em solidariedade, cantando e rezando juntos e nos ajudando uns aos outros”. Por isso, é próprio da Romaria da Terra e das Águas reunir ecumenicamente Comunidades Católicas e Evangélicas; pessoas de diversos povos e situações de vida.
Como administradores da herança de Deus, nós podemos nos deixar levar pelo egoísmo e ganância, pelo desejo de dominação e controle estabelecendo com os demais seres da criação e entre nós humanos uma relação de exploração e competição, de desigualdade e injustiças, de agressão e violência. E, efetivamente, temos nos deixado levar: é a experiência da maldade humana que fez irmãos levantassem-se uns contra os outros: desde Caim que se levantou contra seu irmão Abel, passando pelas diversas histórias de conquistas, pilhagens e saques, da exploração do trabalho escravos que povos vem empreendendo contra outros povos, pelas casas de escravidão como o Egito e Babilônia até nossos dias vemos mega-projetos onde os interesses dos poderosos subjugam, passando como rolos-compressores sobre os direitos e a vida dos pobres e indefesos, da vida do Planeta.
Essa história é bem presente na nossa querida Amazônia. É bem sentida por nossos rios e florestas, em nossas cidades e campos. Mega-projetos de desenvolvimento e progresso. Mais recentemente as hidrelétricas para atender a sede de energia que os modernos padrões de consumo e bem-estar exigem. O mundo olha para nossos rios, para seu potencial energético. Desenvolvimento e progresso que queremos sim, que julgamos possíveis e necessários; e que, sabemos reconhecer, trazem alguns benefícios e melhorias, como a luz elétrica chegado às casas dos colonos e aldeias, movimentam a economia, geram empregos e renda. Mas que deixam impactos danosos, por vezes irreversíveis, no meio-ambiente, deixando muitas pessoas excluídas de seus ganhos; notadamente os que mais dependem da natureza são os que menos são compensados da sua destruição: Ribeirinhos e Colonos são deslocados de suas terras e insuficientemente indenizados; os Indígenas, Quilombolas, Seringueiros, Pescadores e Extrativistas sentem a diminuição e escassez da caça e do peixe e muitos nem são considerados atingidos, não recebem indenização alguma. É o caso de muitos lugares da Diocese de Guajará-Mirim. Alguém pode repetir o velho jargão que sempre volta quando as mazelas e as vítimas do progresso se fazem ver e ouvir: “Não se pode obter um belo omelete sem quebrar alguns ovos!” Mas gostaríamos de lembrar: São Vidas humanas que estão sendo quebradas! É a vida do Planeta que está sendo quebrada! E se é verdade que sacrifícios devem ser feitos para o Bem Comum, é importante lembrar que realmente para o Bem Comum de todos e não para o benefício dos grandes e poderosos, que as pessoas direta e indiretamente mais atingidas devem receber compensações justas e imediatamente. Devem ser bem divididos os custos e os ganhos dos projetos.
Ao final de Celebração Dom Benedito Araujo fez o envio dos romeiros à missão

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